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Green Ideas

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Tobias

25.06.24 | Ana D.

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Antes de mais quero começar por apresentar-me.

Sou o Tobias. E sim, sou um cão. Sei que muitos de vós têm alguma dificuldade em acreditar que os cães podem falar, mas podem. Portanto isto não é um sonho ou sequer uma alucinação. Sou mesmo eu! O Tobias! Em pêlo e osso para vos falar de como é ter vida de cão. Aquela vida que vós humanos tanto gostam de referir em tom pejorativo, mas que talvez não seja exatamentee como pensam...

Antes de mais, dizer-vos que não sou um cão qualquer. Sou um cão de família. Sei que o conceito de família mudou. Encolheu! Alguns dizem que se perdeu... que passou de grande e unida a pequena com cada um por si... que esqueceu os mais mais velhos... Parece que muitas vezes não sobrou sequer família para o "retrato"... o "retrato da família feliz e perfeita"... acho que se esvaiu... mas adiante!

Pois bem, mas no meio de tantas mudanças nas famílias, também eclodiu uma nova tendência. A vontade de ter um amigo patudo como eu! 

É claro que também sei que a razão de muitas famílias terem um cão nem sempre é a melhor. Se dúvidas houvesse é só vermos o retrato da paixão por nós quando chegam as férias e nos deixam "esquecidos" por aí! 

Mas de facto, se houve coisa que mudasse nas famílias e permitam-me dizer, para melhor, foi mesmo esta tendência! É que nós sabemos fazer a diferença e até aquele familiar que começa relutante em nos acolher, acaba rendido a tanto charme, se é que me faço entender!

Mas enfim, como eu estava a dizer, sou um cão de família. E isso é bom! Muitooooo bom, mas também tem os seus senãos. É que nem tudo são rosas.... ou favas contadas! (risos)

Ora vamos lá ver!

Há dias em que a empregada, que nem mora cá em casa nem nada, se arma em dona da casa e resolve que não quer ver nem um pêlo no chão, quanto mais a minha impressão patall no soalho, como se do passeio da fama se tratasse. Não sei bem o que se lhe passará na cabeça por esses dias mas fica "possuída"... Às vezes fico a pensar se ela achará que nós cães pertencemos ao grupo taxonómico das aves, pois a dada altura costuma entrar na sala e dizer em tom ameaçador:

- Tobias, voa daqui para fora!!!

Talvez ela não tivesse sido grande aluna em ciências - seria por falta de estudo... por distraçãoo nas aula... ou  é isso ou então... vocês percebem-me. Mas enfim, lá vou. Não quero despertar mais a sua ira...

Depois os miúdos. 

Imaginem estar a bater uma bela soneca na vossa cesta. Estão a meio de um belo sonho com a patudinha do segundo esquerdo e de repente começam a sentir um puxar de rabo. Ora! É isso mesmo! Raios partam os putos! Até podemos resmungar mas vai acabar sempre da mesma maneira. Depois do rabo, puxam as orelhas e acabam deitados em cima de nós e ups... acabou a bela da sesta e pior... o sonho! É que no que diz respeito à patudinha do segundo esquerdo só mesmo em sonhos. (risos) Confesso que no final até acaba por ser divertido... os miúdos são uns bacanos! Também gostam de fazer trapalhadas e também se divertem com as minhas...

Depois vêm os pais dos putos.

Nem sei por onde começar... Ora vem a dona que nos trata como mais um filho, ora vem o dono, sempre com pressa para ver o futebol, que nos dá um palmadinha na cabeça, mas comidinha ou água, nada! Só quando também está a comer. Aí o cérebro tem mais energia e a coisa resulta melhor. Ora partilha umas fatias de fiambre, ora de presunto! Mnhamm, mnhamm!

É então chegada a hora de falar dos passeios.

Podem ser um problema, senão vejam... Se vou com a mãe e é inverno, ela veste-me uns casacos aterradores e em tempos de Natal ainda é pior... Ui! Nem sei se deva contar... enfia-me uns barretes de Pai Natal!
Todos adoram! Menos eu!
Todos acham tanta graça! Menos eu!

É bullying! Sei que é! 

E é devastador para a minha auto-estima! Não são passeios com a dona. São caminhos de tortura! Imaginem a minha figura! Imaginem quando me cruzo com outros amigos... o que safa é que alguns deles também sofrem no pêlo as mesmas humilhações... ele são laços e capinhas, lenços e gravatas... arre, que só de falar nisto já estou de pêlo eriçado!!!

E depois... depois vem o dono. Lá vem comigo, mas das duas uma: ou vai agarrado ao telemóvel e nesse caso eu é que acabo por ter de o levar a passear ou então vai pelo caminho a apreciar as senhoras que passeiam no jardim. Se estas também tiverem um amigo leal como eu, então é o cabo dos trabalhos. Gera-se de imediato uma troca de afagos com o cão recíproco... preferia que fizessem esse afago um ao outro, mas não... Sobra mesmo para nós. E lá se vai o passeio no meio de tanta conversa...

Apesar de tudo, feito o balanço, não vos parece que a muitos bem calhava uma "vida de cão" como a minha?!

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