Seca
A terra mostra a céu aberto
No solo, ora deserto
As fendas da secura
Os sulcos da amargura
Num rosto marcado p'la dor
Num corpo em torpor
De tanto o sofrimento
Por não lhe correr água por dentro
Dessa água que a invade
E de que tem tanta saudade
Dessa água que nas veias lhe corre
E as entranhas lhe percorre
Para lhe dar a vida
Tantas vezes colhida
É um tempo árido
P'lo sentimento perdido.
Um tempo seco e vazio
Um tempo de farto estio
Da terra... da humanidade
Um tempo sem vontade
Porque a chuva teima em não cair
E o egoísmo abafou o sentir!