Mendicidade
Quando o dia se veste de noite
Há quem se afoite
E sob a lua pernoite
Para na escuridão
Da fria solidão
Toldar da memória
A sua triste história
Vã e sem glória
Que por sorte madrasta
Consigo arrasta
Uma vida bastarda
Que o corpo e a alma lhe guarda...
Numa história pesada, sofrida
Duma vida sem guarida
Que por desdita ou ironia
Ficou vazia
Vazia de gente
Vazia de sentimento
Ante o olhar indiferente
Por quem vive ao relento
Sem dignidade
E à mercê da bondade
Dum olhar de piedade...
Dum gesto de caridade
Ante tanta adversidade