Feliz e em paz comigo mesma
Os Desafios da Abelha | Frase do Dia | 32 de 365 | a felicidade é só estar em paz consigo mesmo, olh
Hoje participo em mais um d' Os Desafios da Abelha | a felicidade é só estar em paz consigo mesmo, olharmos para nós e recordar que não fizemos muito mal aos outros em resposta à Ana de Deus do blog "busy as a bee on a rainy day"
Curiosamente quando li esta frase do José Saramago e tendo como referencial apenas a minha humilde visão da vida, considerei-a algo controversa... diria mesmo propensa a ser dissecada para eu a poder aceitar e por isso avancei em silêncio. Mal sabia eu (ainda que já devesse esperar) que a nossa querida Ana iria torná-la em mais um poderoso desafio (que a acutilância da Ana não ia deixar escapar).
Pois bem, a coisa começa quando leio que a "felicidade é só estar em paz consigo mesmo". Ainda que sem sequer abordar o conceito de felicidade e da sua relatividade, diria que este estado de "paz consigo mesmo" é apenas um dos aspetos que alicerça a felicidade, sendo a mesma feita de muitas outras coisas que preenchem o "eu" de cada um, porque no meu entender, a felicidade é mesmo definida por esse "eu" pessoal e intransmissível, que habita em cada um de nós e que nos preenche alma e coração. Aquilo que me faz feliz não será necessariamente, o que faz feliz o(s) outro(s).
Por outro lado e de acordo com a frase é preciso "olharmos para nós e recordar que não fizemos muito mal aos outros". Ora bem, neste aspeto as minhas dúvidas tornam-se maiores porque "não fazer muito mal aos outros", não deixa de ser na sua essência "fazer mal aos outros". Não interessa se é muito ou pouco. Só que não! Na minha forma de estar na vida não cabe fazer mal ou sequer desejar mal a alguém. Quando algo corre mal sigo caminho, mas sem este tipo de pensamento. Prefiro aliás ficar prejudicada, do que prejudicar deliberadamente alguém.
Considero que ao longo da minha vida, abdiquei muitas vezes de mim, do que gostava, do que queria, para que outros estivessem bem, para que outros beneficiassem e portanto atrevo-me a dizer que nesta caminhada se houve alguém a quem fiz mal, foi a mim própria. Se valeu a pena? Hoje creio que não. Mas à data fiz o que me pareceu mais adequado, por forma que os outros não ficassem prejudicados, mesmo que isso tenha, conscientemente, significado fazer mal a mim própria. Mas isto não me traz felicidade. Traz-me aquela paz de espírito, aquele "estar em paz consigo mesmo" que alicerça a minha felicidade.
Obviamente, que como qualquer ser humano, também em mim reina a imperfeição e por isso, dela já terão resultado ações que poderão ser consideradas como "fazer mal aos outros", mas nunca deliberadamente. Costumo dizer que, para o bem e para o mal, só se ocupam da vida dos outros, aqueles que por não terem vida própria, não podem viver no vazio. E de facto, eu sempre tive vida própria!
Assim sendo e com todo o respeito pelo autor, atrevo-me a dizer que a minha capacidade de aceitação às premissas implicitamente contidas nesta frase, dependerá sempre de uma certa adaptação a uma visão mais positiva. Uma visão do bem!
Uma visão onde não cabe "fazer mal aos outros" porque este é um campo muito vasto onde cabem tantos gestos feitos de palavras e/ou ações capazes de infligir dor, mágoa e sofrimento aos outros e isso, é tudo o que não quero que faça parte da minha conduta nesta vida! E desenganem-se aqueles que pensam que me considero uma Madre de Calcutá! Sou apenas alguém que está focado em viver a própria vida, sabendo que para isso não tem de desrespeitar o próximo.
Posto isto, fico em paz comigo mesma e feliz por ter tentado responder ao desafio.