Em tempo de mudança para o ano novo é frequente ouvirmos a expressão "Ano Novo, Vida Nova", mas será que é mesmo assim? Pergunto-me se esta máxima se aplicará a todos... ou melhor, se serei apenas eu, que estou fora de contexto... talvez seja... na verdade, este tempo também já significou o momento de eu traçar metas e objetivos, já foi tempo de sonhar e planear... mas a vida mudou.

A vida mudou e hoje cada dia representa apenas "mais um dia" onde não há continuação do passado... um passado que se perdeu e que não é de todo recuperável... Mais um dia, cuja essência será viver o presente "necessário e suficiente" tendo na memória e no coração esse tal passado, bem guardado. Viver a continuação de um presente sem futuro. A continuação de um presente que tem de bastar-se a si próprio, porque de resto... de resto, apenas existe um passado à força apagado e um futuro vazio.

Pode parecer estranho mas esta é a minha verdade... A verdade de quem sabe de onde vem mas para onde não consegue voltar. A verdade de quem vive cada dia no presente, sem saber para onde vai... acabaram-se as resoluções de ano novo, os objetivos, as metas. Não há o que escrever no "vision board"... nada... não há ideias, não há sequer esse desejo, pois há só mais um dia para viver sem nada no horizonte.

Sei que dirão que a vida é o que quisermos dela fazer e a ser assim também os nossos dias serão aquilo que deles fizermos. Mas poderá ser mesmo assim para todos? Será que estes princípios de frases feitas podem mesmo fazer do "Ano Novo", uma "Vida Nova"?!

Alguns defenderão que sim... mas deixarei por aqui uma semente da dúvida: será que para aqueles que já não são muito novos e vivem pelas aldeias do interior de Portugal, num interior parco de gente e perdido dos recursos, daqueles que já tantos viram partir e que vêm as suas aldeias desertas, daqueles cujos filhos e netos tiveram de partir em busca de uma vida melhor ou mesmo daqueles que já estão sós na vida, podem sequer almejar que um Ano Novo valerá uma Vida Nova?!