Vivia-se a quadra natalícia que tanto gosto. Afinal, não há como não gostar do Natal! São as ruas e avenidas engalanadas, as lojas com as suas melhores montras, as iluminações que nos enchem o olhar de cor e são as pessoas... as pessoas, que de olhos reluzentes e sorriso no rosto irradiam felicidade. Sente-se a generosidade e o espírito de Natal!
Por esses dias não resistia a viver o Natal e por isso, sempre que tornava a casa depois de mais um dia de trabalho, fazia questão de regressar em tom de passeio pelo Natal da cidade.
Foi num desses dias, já bem próximos do dia de Natal, que passei pela casa do Pai Natal. Ali parei para sentir o entusiasmo das crianças e a azáfama dos pais que têm de gerir, ora o entusiasmo daqueles que tanto desejam chegar ao Pai Natal com a sua cartinha, como aqueles que quando lá chegam, ficam muito assustados com o velhote das barbas brancas.
Ali me detive a observar todo aquele maravilhoso cenário, mas naquele dia algo prendeu a minha atenção. Era o Pai Natal. Aquele Pai Natal destacava-se de todos os outros que já tinha visto.
Tratava-se de um homem jovem que desempenhava aquele papel de modo diferente. Havia entre ele e a personagem que encarnava, uma verdadeira simbiose. Era um Pai Natal que a todos cativava... dos miúdos mais felizes e atrevidos até aos mais tímidos ou até assustados e chorosos.
A forma como aquele homem agia era diferente... ímpar e encantadora… (Risos)
A determinada altura os nossos olhares cruzaram-se e eu corei. Lembro-me de pensar quão inconveniente era aquele rubor, e foi nesse momento, que ele me interpelou de rompante, perguntando:
- A menina também tem uma carta para entregar ao Pai Natal?
Estupefacta com a pergunta e visivelmente atrapalhada, soltei uma gargalhada e respondi:
- Por acaso ainda não! Não tive tempo de a escrever...
- A menina não se pode atrasar. Trate de escrever a sua carta e venha entregá-la ao Pai Natal, caso contrário, corre o risco de não receber presentes!
- Tem razão - retorqui a sorrir - mas vou tratar disso o quanto antes!
Ele sorriu e voltou aos seus afazeres maiores: as suas crianças.
Saí dali a sorrir e caminhei até casa. Ao longo dos dias que se seguiram, dava comigo a sorrir ao pensar no Pai Natal (risos), nos seus olhos verdes e em toda a sua encantadora forma de estar.
Os dias foram passando e não conseguia parar de pensar nele. Foi então que, atrevidamente, decidi escrever uma carta ao Pai Natal para lhe entregar, tal como ele próprio tinha sugerido.
E assim foi. Comportei-me como uma adolescente e escrevi a carta. Depois lá fui direta ao chalé do Pai Natal. As dúvidas tentavam ensombrar-me o caminho. Pensava como fazer se ele já lá não estivesse, que se calhar até já não mais o veria, que ele poderia achar a situação ridícula, todavia, algo me fazia continuar a caminhar.
E assim lá cheguei... de coração acelerado e de sorriso encabulado. De repente, os nossos olhares voltaram a encontrar-se e o meu coração disparou. O meu rosto enrubesceu e a garganta secou.
De súbito ele dirigiu-se a mim e exclamou:
- Cá está a menina novamente! E diga aqui ao Pai Natal, já escreveu a sua cartinha?
Rindo, acenei que sim com a cabeça e entreguei-lha desajeitadamente.
Ele pegou na carta e com um gesto de olhar perguntou-me se a podia abrir. Acenei afirmativamente, sorrindo.
Ao ler a carta, deu uma gargalhada. Fiquei aflita. Não sabia se ria por graça ou se teria achado a minha atitude ridícula e infantil. A dúvida desvaneceu-se quando se aproximou de mim e me segredou ao ouvido:
- O Pai Natal vai atender o seu pedido, menina!
Soltámos uma sonora gargalhada e foi assim que casei com o Pai Natal, perpetuando um amor de Natal!
E já agora, querem saber o que escrevi na carta? (risos) Pasme-se o atrevimento:
“Querido Pai Natal,
Como tenho sido uma miúda diligente, o meu pedido é: namorar com o Pai Natal!”
Resposta ao Desafio "Os Nossos Contos de Natal - 2022" proposto pela Isabel do blog "Pessoas e Coisas da Vida" a quem agradeço!