Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Green Ideas

Green Ideas

Benjamim

Desafios da Abelha: Conto de Natal de 2021

28.11.21 | Ana D.

dez_conto de natal.jpegdesafio no âmbito da iniciativa da Mãe Natal aka imsilva.

Hoje partilho um conto de natal no âmbito dos Desafios da abelha | Conto de Natal 2021, a convite da minha querida Ana de Deus do blog busy as a bee on a rainy day, a quem agradeço a generosidade!

Muito obrigada, querida Ana! 

José chegou apressado. Estava cansado, mas feliz com o que tinha preparado para surpreender Benjamim! Só pensava no seu pequenito e em como iria ele reagir à surpresa que lhe tinha preparado. Nos últimos dias, José não tinha conseguido pensar noutra coisa!
Entrou no edifício sob o olhar surpreso e estupefacto de muitos e dirigiu-se ao elevador. Levava consigo um enorme saco. Alguns olhavam-no e sorriam timidamente, outros olhavam-no com curiosidade e estupefação sobre os motivos de estar ali.
Mas José estava alheio ante qualquer desses olhares. Estava focado num objetivo único - Benjamim!

Tudo o queria era levar a magia do Natal até Benjamin e vê-lo sorrir! 
Percorreu o corredor apressado e ofegante. Parou na porta com o número 25. Tinha chegado!
Compôs o fato, alinhou as barbas brancas, ergueu um sino na mão e entrou no quarto.

- Ho, Ho, Ho, Ho, Feliz Natal, Benjamim!!! - saudou tocando o sino vezes sem parar.
- Papá!? Estás vestido de Pai Natal!? - Benjamim ria com cara de espanto por ver o seu pai assim vestido.
- É verdade, Benjamim! Hoje sou o Pai Natal e vim de trenó com o Rodolfo! Quero que vivas o Natal! - disse José com um nó na garganta.
- De trenó?? Com o Rodolfo?? 
- Sim, claro! Estão estacionados bem na frente da janela do teu quarto. Queres vê-los?
- A sério papá!? Quero ver, quero ver, papá!  - Benjamim batia palmas de alegria.
O pai pegou nele ao colo com extremo cuidado ante a sua debilidade e levou-o até à janela. Lá fora nevava, mas Benjamim bem conseguia ver o trenó conduzido por uma rena, no estacionamento do hospital. Conseguia até distinguir os sulcos das pegadas do seu pai na neve.
Os seus olhos brilhavam como duas estrelas de Natal! Olhou o pai que tinha os olhos cheios de lágrimas e abraçou-o com ternura.
José estava feliz, apesar do coração doído. Tinha conseguido trazer a magia de Natal até aquele quarto de hospital onde o seu pequenino Benjamim vivia há já alguns meses sem esperança de tornar a casa ou sequer de ver outros natais. 
- Papá, és incrível! Serei sempre a tua estrelinha! 
Benjamim ajeitou-se no colinho do papá num abraço apertadinho, fechou os olhos e adormeceu para se tornar numa linda e brilhante estrelinha. 

 

Lamento por este não ser um conto de natal com um final feliz, mas tem um propósito. Trata-se de um simples conto de Natal, escrito com muita humildade porque não sou contista, mas que dedico a todos os pais que passaram por tamanha tragédia e que viram, esta semana, ser aprovado o alargamento do luto parental de 5 para 20 dias, como se fosse possível recuperar da morte de um filho em 20 dias... Como se fosse possível recuperar da morte de um filho!

Não conheço tal dor, mas conheço quem a passou e vive com ela.

Palavras

23.11.21 | Ana D.

 

nov_palavras.jpg

Palavras de saudação e amizade
Emanam alegria, felicidade
Retrato de boas memórias
Partilha de tantas estórias             

Palavras de amor… ditas ou escritas
Palavras benditas
Pelo seu poder
De no amor fazer crer

Palavras fugazes, ditas a sussurrar
Que o coração aquecem
E tanto enlouquecem
Que levam a sonhar

Palavras ardentes
E tantas vezes inocentes
Das paixões adolescentes
E dos amores crescentes

Palavras de ironia
Ditas com a fria sabedoria
De quem na raiva contida
Continua perdida

Palavras de agradecimento
Quando de gratidão é momento
Palavras de coragem e alento
Quando a vida anda em tormento

Palavras de despedida
Quando é tempo de partida
Palavras de tristeza e dor
Quando a vida é um sol-pôr

Palavras... leves ou pesadas
Tantas vezes tímidas, outras ousadas
Ora frias, amargas… cruéis
Ora gentis, doces… amáveis
Pensadas, faladas ou cantadas
Caminham connosco de mãos dadas         
E por entre choro ou risadas
Em nossa vida ficam bordadas

Palavras castradas e tantas vezes caladas
P'la emoção ceifadas
Palavras forçadas
Na vida herdadas e honradas
Por palavras prendadas
Plantadas por enxadas
E podadas por tesouras malvadas               
Tornado-as moldadas... rimadas
Palavras fardadas!
Ora lançadas, ora largadas
Ora certas, ora erradas
Mas sempre, sempre tentadas!

Palavras marcadas e guardadas
P’la vida legadas
E na vida lembradas
Palavras louvadas e dotadas
Palavras malgradas, por tanto manchadas
Ora minadas, farpadas
Ora blindadas de tão cansadas
P’la vida vergadas e a pulso trilhadas
Do tanto que foram sovadas, suadas, sulcadas.
Do tanto que são, Palavras usadas!

Pág. 1/3