“Esperar pelo melhor e preparar-se para o pior: eis a regra.”
Fernando Pessoa
Todos recordamos a euforia do regresso às aulas em cada setembro… a preparação do material escolar, o cheiro dos livros novos, a escolha dos cadernos e o encontro com os colegas e professores.
Depois vêm os filhos e a euforia não é menor. Revemo-nos na nossa infância e juventude, com a preparação do material escolar e com a justificação de tudo organizar, até compramos um novo caderninho para nós. Enfim tudo fazemos para que seja perfeito!
Mas em tempos de pandemia, tudo é diferente e portanto o início do ano escolar não é exceção!
Neste setembro, a alegria do regresso às aulas deu lugar ao receio, à dúvida e à insegurança. Sim, porque desta vez sentimos que vamos colocar o nosso bem maior – os nossos filhos – no âmago da questão. Todos percebemos os motivos, todos sabemos as razões, mas nada disso atenua a preocupação.
Porquê?
Porque são os Nossos filhos!
Porque apesar dos pacotes de estudos que referem que os casos em idade pediátrica representam uma ínfima percentagem das infeções por SARS-CoV-2 a nível mundial, não deixam também de referir que estes parecem ser tão suscetíveis à infeção quanto os adultos e que o seu contributo na transmissão não é ainda bem conhecido. Por outro lado, ainda que as crianças possam ser menos afetadas, importa também considerar com preocupação o elevado número de contactos que estas terão no contexto escolar e na comunidade.
Porque fomos inundados por Resoluções e Referenciais Escolares para o controlo da transmissão de COVID-19 em contexto escolar com orientações, medidas e regras, um planeamento meticuloso, reorganização escolar e... garantia de distanciamento físico de 2 metros. Não! 1,5 – 2 metros. Não! 1 metro... Se possível!... Afinal não! Afinal podemos sentar dois alunos na mesma carteira. E ter 28 alunos e 1 professor(a) por sala. Enfim, para o diabo com o distanciamento social!!
Mas não há trocas de material!
Não tenho quaisquer dúvidas que tal como nós pais, a comunidade escolar tudo fará para que o ano letivo corra bem, porque também eles estão no âmago da questão, porque também eles e as suas famílias correm risco e porque amam a sua profissão. Bem hajam por tudo aquilo que conseguem fazer nas escolas e também por tudo o que tentam fazer, mesmo que nem sempre acabe por ser possível!