O "Renascer" de um Rio
“Ninguém ainda sabe se tudo apenas vive para morrer ou se morre para renascer.”
Marguerite Yourcenar
Nas últimas semanas, o vídeo de um suposto rio de areia no deserto tornou-se viral. Se ainda não viu, pode vê-lo agora (clique na foto abaixo).
As imagens remontam a 2015 e o fenómeno ocorreu no Iraque, resultando do movimento de milhares de blocos de gelo (granizo) que se movem rapidamente pelo deserto. Trata-se, na verdade, de um rio de granizo a atravessar o deserto, após uma grande tempestade.
O fenómeno não deixa de ser impressionante, pois quando pensamos no Médio Oriente, habitualmente caracterizado pelo seu clima seco, associamos-lhe as tempestades de areia e a escassez da água. Por outro lado e apesar de nos últimos anos a região ter vindo a ser assolada por ocorrências meteorológicas críticas, com tempestades intensas, chuvas de gelo e ventos fortes que por vezes obrigam mesmo à declaração do estado de emergência, este, é um fenómeno natural.
O processo ilustra o “renascer” dos rios, já que com as chuvas que caem nas montanhas, os rios que secaram começam a receber água das nascentes, formando primeiro um rio “de areia” até que depois tomam a sua forma final.
Outro fenómeno parecido é o “renascimento” do Rio Zin, no Deserto de Neguev, em Israel.
Na maior parte do tempo este rio fica seco (às vezes, por vários anos). Porém, na época de chuvas fortes, por vezes verifica-se uma inundação com origem na região montanhosa que atravessa o deserto como uma onda até desaguar, como se pode ver no vídeo (clique na foto abaixo).
Estes fenómenos fazem parte da dinâmica do planeta e variam conforme o período de atividade dos cursos de água, já que estes podem ser efémeros, intermitentes ou perenes.
Os rios Intermitentes são aqueles que são alimentados por escoamento superficial e sub-superficial e que desaparecem temporariamente no período de seca, porque o lençol freático se torna mais baixo do que o nível do seu canal.
Por sua vez, os rios perenes contêm água durante o ano inteiro. Estes rios são formados por cursos de água localizados em regiões de alta pluviosidade, com poucas oscilações ao longo do ano e são alimentados por escoamento superficial e sub-superficial que proporciona a alimentação contínua, impedindo que o nível do lençol subterrâneo fique abaixo do nível do rio.
Enfim... a natureza no estado purol!